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O que se segue às teleconsultas e receitas eletrónicas no mundo da saúde digital?

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Na última década, o setor da saúde embarcou numa jornada de digitalização sem precedentes. Pacientes, médicos, cuidadores e a indústria como um todo vivem agora num mundo de novas oportunidades, com investigação de ponta, novos medicamentos e uma visão totalmente diferente sobre as melhores práticas na prestação de serviços de saúde. No entanto, esta transformação, como todas, implica múltiplos desafios de adaptação, e um acrescido: o da cibersegurança. De facto, as instalações hospitalares parecem ser um alvo predileto para atacantes mal-intencionados, obrigando a indústria a ter de proteger-se, enquanto tenta romper barreiras no que toca ao atendimento e tratamento dos pacientes.

Novas formas de cuidar dos pacientes

Os serviços de saúde vivem numa nova era em que se tenta que tudo esteja conectado através do digital, sempre com o objetivo último de melhorar a forma como os cuidados são prestados. A maioria dos processos imprescindíveis para o bom funcionamento de uma clínica ou hospital, como a marcação de consultas e até o próprio check-in dos pacientes, podem ser realizados inteiramente por meios tecnológicos – algo que já estava em processo crescente de adoção, mas que veio a acelerar-se ainda mais com a pandemia.

Por exemplo, os pacientes já podem entrar em contacto com o hospital por meios digitais para que lhes seja feita uma triagem primária, quando habitualmente se deslocavam de imediato às urgências. Numa triagem virtual, como a que acontece na linha nacional SNS24, os agentes do centro de atendimento telefónico podem aceder sem constrangimentos ao registo eletrónico de saúde do paciente e a um software de agendamento das instalações hospitalares da sua área de residência, otimizando o processo de marcação de consultas e o atendimento mais rápido dos pacientes.

De facto, estamos a assistir a uma expansão dos cuidados virtuais que começa na admissão e termina na monitorização dos pacientes internados ou até mesmo em convalescença em casa. Surgem soluções de colaboração digital através da voz, do texto, do e-mail e dos chatbots com IA, que permitem não apenas a marcação de consultas, como a própria realização das mesmas por videochamada; e ainda a conveniência de receber as receitas por via eletrónica, através de e-mail ou SMS, que não só permite aviá-las em qualquer local, como ajuda a contribuir para a sustentabilidade do planeta.

Ao longo de todo este processo, a IA pode ajudar a recolher dados relevantes, permitindo aos profissionais tratar os pacientes com acesso a mais informação precisa sobre eles, para uma melhor tomada de decisões em todos os pontos da jornada. Verifica-se, portanto, a necessidade de que todas as áreas dos serviços de saúde repensem o processo de comunicação com os pacientes para combinar a inteligência artificial com a linguagem humana. Esta nova forma de atendimento desempenha um papel fulcral não só no trabalho diário dos profissionais, mas também na satisfação geral dos pacientes: estes sentem-se mais acompanhados e o seu nível de conforto e conveniência aumenta sem igual.

Uma forma de abordagem estruturada é através do modelo INFRAM (INFRastructure Adoption Model), desenvolvido pela HIMSS (Healthcare Information and Management Systems Society), uma instituição sem fins lucrativos dedicada à promoção da melhoria dos cuidados de saúde através da adoção e otimização contínua das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). É um dos modelos da HIMSS-Analytics que pretende auxiliar as administrações hospitalares, executivos de IT e o pessoal clínico a comparar e medir o seu progresso na adoção das TIC; neste caso, relativamente à infraestrutura digital e aos recursos tecnológicos associados como a cibersegurança, contribuindo para as metas de qualidade nos serviços prestados, de acordo com o benchmarking e os padrões internacionais.

A Cisco colaborou ativamente com a HIMSS na definição do modelo INFRAM, o resultado de anos de experiência que levaram a concluir que não é possível oferecer um atendimento de qualidade, nem efetuar uma verdadeira transformação digital na saúde, sem uma infraestrutura digital sólida e segura. As instituições que prestam serviços de saúde devem adotar o INFRAM para melhorar as dimensões da saúde digital e a qualidade dos serviços, sempre orientadas para o paciente. Este é também um dos desígnios do programa Country Digital Acceleration (CDA), que a Cisco desenvolve em Portugal desde 2018 e que prevê o apoio a projetos de transformação digital com estas características, por forma a acelerar a adoção das melhores práticas e assim contribuir para o desenvolvimento do País.

Quando os vírus são digitais

Embora a digitalização e a conectividade criem grandes oportunidades de transformação e progresso, também abrem espaço para uma ameaça que antes não era tão prevalente no setor: os ciberataques. Efetivamente, nos últimos tempos a área da saúde tem sido alvo de ataques com frequência e gravidade cada vez maiores. Só este em 2022, instituições relevantes como o INEM, os Laboratórios Germano de Sousa e o Hospital Garcia de Orta, entre outras, foram alvos de ciberataques, afetando não só os próprios serviços, mas também os pacientes – ao colocar em risco informação confidencial e importante e dificultando o seu atendimento.

Nesse sentido, as organizações de saúde devem adotar políticas que melhorem a sua segurança, de que são exemplo:

  • Implementar proteção contra malware em todos os dispositivos e para todos os utilizadores;
  • Automatizar as tarefas de TI e segurança para reduzir os riscos de ameaça;
  • Adotar uma estrutura de segurança de zero trust (confiança zero) para ajudar a impedir o acesso não autorizado;
  • Testar planos de resposta a incidentes e realizar avaliações de risco regulares;
  • Recorrer a ferramentas de inteligência para identificar, mitigar e remediar proativamente as ameaças à segurança.

Há mais de 20 anos que a abordagem da Cisco para o setor dos serviços de saúde capacita as organizações para enfrentarem novos desafios, colocando-as na vanguarda da prestação de cuidados através de tecnologia. Ligamos fornecedores, pacientes e profissionais entre si com toda a segurança, recorrendo a tecnologias transformadoras que potenciam o cuidado inclusivo para todos. Ajudamos a transformar os locais de trabalho, a aumentar a segurança e a conformidade, a prestar cuidados em qualquer lugar e a tomar decisões baseadas em dados. Assim, as instituições podem fazer coisas extraordinárias em tempos que são, também eles, extraordinários.

A digitalização é uma ferramenta poderosa para melhorar o acesso aos cuidados de saúde e garantir que os pacientes recebem a atenção e tratamento de que necessitam. A adoção de modelos de maturidade como o INFRAM permitirá que a relação entre a saúde e a tecnologia seja cada vez mais estreita, resultando em diagnósticos mais precisos, compreensão alargada de muitas doenças e os tratamentos mais avançados e adequados a cada paciente. Em suma, cuidados de saúde mais acessíveis, com melhores resultados e também mais humanizados. Espera-nos uma Medicina cada vez mais predictiva, personalizada e preventiva, e sobretudo muito mais fiável – mas temos de trabalhar desde já para progredir digitalmente para lá chegar, nunca perdendo a segurança de vista.

 

 

 

Authors

António Feijão

Country Digital Acceleration Lead

EMEAR Sales - South

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