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O impacto da transformação digital no ensino

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Ao longo dos últimos anos, a tecnologia tem vindo a evoluir e a destacar-se cada vez mais em praticamente todos os setores de atividade – contudo, muito devido à pandemia de COVID-19, há alguns em que a sua relevância é mais preponderante do que nunca. O setor da educação é, sem dúvida, um deles: não só porque os períodos de confinamento obrigaram a encontrar soluções rápidas e eficazes para permitir a continuidade do ensino, mas também porque os jovens em idade escolar pertencem a uma geração que cresceu com a tecnologia como peça central das suas vidas, em praticamente todas as vertentes.

Apesar de a evolução da internet ter introduzido alguns avanços, como aulas com apoio de recursos audiovisuais ou plataformas de partilha de conteúdo, ainda não estávamos próximos deste conceito de “educação digital” até à pandemia ter surgido para alterar todos os paradigmas. Assim sendo, a mudança brusca para um modelo de ensino à distância, assente em tecnologia digital, foi um choque para muitos, desde professores e alunos, aos próprios encarregados de educação.

 

O que é a educação digital?

A educação digital é, de forma simples, a prática de utilizar meios tecnológicos no ensino como forma de tornar a aprendizagem mais dinâmica e efetiva, potenciando uma maior adesão dos alunos e flexibilidade no acesso aos conteúdos. Não existe um modelo definido para seguir, cabendo a cada agrupamento, instituição, ou até professor, adotar os métodos e recursos que lhes parecerem mais indicados.

A pandemia veio demonstrar que devemos estar digitalmente preparados para lidar com situações potencialmente disruptivas e dessa forma de melhorar a resiliência das organizações. Contudo, Portugal está ainda aquém do desejado em algumas áreas no que à transformação digital diz respeito. Em 2021 – pese embora tenhamos subido três posições face a 2020 –, ficámos apenas na 16.ª posição no ranking  Digital Economy and Society Index (DESI), que avalia os 28 membros da UE.

Isto demonstra-nos que é imperativo um maior sentido de urgência em todos nós para acelerar a transformação digital do nosso país, o que naturalmente se irá refletir também no setor da educação, que deve ser prioritário nas medidas a adotar.

Em primeiro lugar, é preciso compreender que o ensino híbrido é mais do que colocar um computador entre o professor e os seus alunos. Deve levar o acesso ao ensino para fora da sala de aula, tirando partido da tecnologia para suportar a aprendizagem dos alunos, interagir com eles e permitir-lhes usufruir das imensas opções que o mundo digital tem para oferecer, quebrando quaisquer barreiras físicas ou virtuais que possam existir. Os alunos que estão remotos e aqueles que estão presenciais têm que se sentir igualmente incluídos nestes novos modelos de aprendizagem.

As instituições de ensino podem seguir uma infinidade de caminhos para a sua transformação digital, mas existem questões-chave a considerar no sentido de a tornar mais eficaz e maximizar o seu impacto: a cultura, a metodologia, a tecnologia e a cibersegurança.

O primeiro passo será entender a cultura da instituição, avaliando o seu grau de literacia digital e tecnológica – algo que deve ser feito junto de todos, desde alunos a professores – para perceber as lacunas a cobrir com maior urgência. Isto também é importante para perceber com que rapidez será possível realizar esta transição, e a que custo.

Quanto à metodologia, o processo de transformar ambientes de aprendizagem deve focar-se na disponibilização de todos os recursos necessários para que os professores adotem métodos de ensino eficazes e que coloquem os alunos no processo de aprendizagem adequado – seja presencial, remoto ou híbrido. A educação digital permite o acesso à aprendizagem de diferentes formas, em qualquer horário e a partir de qualquer lugar.

Relativamente à tecnologia – que é, no fundo, o grande motor de todo este processo –, é preciso garantir que tem a performance necessária para uma boa experiência, é acessível e de fácil utilização. Alguns dos principais fatores de sucesso de uma plataforma de ensino digital incluem uma infraestrutura de rede, prevendo conectividade com e sem fios, a que todos se possam facilmente ligar com os dispositivos à sua disposição para aprender.

Por último, mas igualmente importante, não é possível descurar a questão da cibersegurança, de que tanto se fala atualmente. Os ciberataques têm sido um grande problema em todos os setores e o da educação não é exceção. É, por isso, necessário implementar sistemas de segurança que protejam o funcionamento das ferramentas e os dados de todos os intervenientes no processo educativo.

 

O PRR e a transformação digital

Ciente de que esta área é absolutamente imprescindível para o desenvolvimento saudável e sustentado do país, o Governo português contemplou, no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), reformas e investimentos significativos com o objetivo de contribuir para a transformação digital nas e das escolas. Propõem-se as seguintes metas:

  • Garantir acesso a internet de qualidade em ambiente escolar;
  • Remover limitações à utilização integrada dos equipamentos tecnológicos e digitais e suprimir a carência de equipamentos especializados, para desenvolver competências digitais e estimular o prosseguimento para carreiras STEM, promovendo igual participação de rapazes e raparigas;
  • Melhorar as condições de acesso e a utilização de recursos educativos digitais no processo de ensino-aprendizagem, incluindo nos processos de avaliação;
  • Ultrapassar a dispersão e ineficiência dos sistemas de gestão e informação do sistema educativo.

Considerando que o principal objetivo é assegurar o acesso geral às tecnologias digitais e capacitar as gerações futuras, a ideia é que estas medidas se traduzam num novo modelo escolar que englobe:

  • Educação mais livre, equitativa e descentralizada, assegurando que todos os alunos, de todas as regiões e escalões sociais, tenham acesso à Internet.
  • Aprendizagem à distância, tornando possível, por exemplo, estudar noutro país sem serem necessárias deslocações; garantir maior flexibilidade e gestão de tempo; e ainda possibilitar a educação num regime híbrido, que privilegie a otimização dos horários escolares.
  • Recursos digitais, proporcionando estímulos diferentes, aumentando o leque de possibilidades de ensino dos professores e a predisposição de aprendizagem dos alunos.
  • Inteligência artificial (IA) – a ser aplicada numa fase posterior –, que tornará possível mapear as estratégias de ensino, as matérias e os hábitos mais eficazes, de forma a tornar o ensino mais personalizado e focado nos alunos.

 

O futuro da educação é digital

A educação está a mudar a um ritmo acelerado, tanto em Portugal como em todo o mundo. O ensino online já é uma realidade e não uma simples perspetiva: de facto, segundo um estudo da IDC, em 2023 espera-se que 20% das instituições de ensino primário e secundário, e 40% das instituições de ensino superior, evoluam para novas pedagogias digitais e recorram à IA para impulsionar os seus métodos de ensino.

A Cisco dá o seu contributo para esta transformação através de um portefólio de soluções e casos de uso desenvolvidos para a educação – entre outros exemplos possíveis – do Cisco Webex Free, um conjunto de recursos para professores, alunos e pais que permite fazer a transição para a escola virtual e o ensino remoto com tanta facilidade e agilidade quanto possível. Com o apoio desta plataforma tecnológica repleta de recursos, tanto alunos como professores podem beneficiar de uma aprendizagem que os aproxima e que os estimula a ir mais além. As próprias salas de aula e ambientes de estudo têm que evoluir para permitir criar estas novas experiências que sustentam a aprendizagem híbrida.

Foi com este espírito que, em 2020, nos primórdios da mudança temporária para o ensino à distância, a Cisco apoiou a Câmara Municipal de Oeiras no projeto “Oeiras Educa”, que teve como objetivo assegurar o acesso ao ensino remoto em condições de igualdade e de experiência para a população escolar do concelho, abrangendo um universo de 20 mil alunos e 2.000 professores. Foram, então, disponibilizadas as soluções, que contemplam serviços de vídeo, mensagens e partilha de documentos, onde professores e alunos puderam garantir as suas interações habituais, acelerando assim a transição para a escola digital.

Acreditamos que a tecnologia pode fazer a diferença, mas não deve ser implementada sem a colaboração de todos os agentes, desde a área de TI, ao corpo docente, à direção, aos especialistas na área da educação e, também, aos pais e representantes das populações locais. Todos estes agentes devem convergir no sentido de adotar a metodologia escolhida, com as ferramentas que melhor se adequem a cada instituição, garantindo ao mesmo tempo um ambiente seguro de aprendizagem, a experiência, o acesso ubíquo e a inovação como um propósito não só dos alunos, mas de todos. A digitalização do ensino não é somente mais um passo na evolução tecnológica, mas também na democratização da aprendizagem para todos – e um passo que urge ser dado.

A transformação digital não é apenas uma questão de dispor das tecnologias mais recentes e no caso concreto da educação vai muito além disso – é mesmo criar melhores condições e mais oportunidades para os cidadãos e líderes do futuro.

Authors

António Feijão

Country Digital Acceleration Lead

EMEAR Sales - South

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